quinta-feira, 31 de março de 2011

Sermão do Monte III: A humildade de Espírito (Mateus 5.3)

Caros irmãos, a seguir apresentamos o terceiro capítulo da nossa série de publicações sobre o Sermão do Monte. Neste capítulo analisamos o verdadeiro significado da primeira bem-aventurança: "Bem-aventurandos os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mateus 5.3) Um grande abraço, Em Cristo Jesus BBVC A humildade de espírito (Mateus 5.3)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sermão do monte II: O Significado das Bem-aventuranças

Caros amigos, neste post apresentamos o segundo capítulo da série de estudos sobre o Sermão do Monte, que trata sobre o significado das bem-aventuranças para a vida dos cristãos. Neste capítulo apresentamos uma visão geral sobre as bem-aventuranças e o que elas significam para nós. Posteriormente, nos seguintes capítulos, aprofundaremos sobre cada bem-aventurança e a sua aplicação prática. Esperamos que este estudo sirva para a edificação das nossas vidas sobre a rocha firme, que é somente Cristo! Grande abraço BBVC O significado das Bem-aventuranças: capítulo 2 da exposição sobre o Sermão do Monte (Mt.5,6,7)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sermão do Monte I: Prólogo e visão geral do sermão

Caros amigos, estamos começando uma nova série de publicações em nosso blog! Trata-se de um estudo expositivo do Sermão do Monte. A partir de agora, com a ajuda do Senhor, estaremos publicando cada semana um novo capítulo deste estudo. Este primeiro capítulo que compartilhamos é sobre a visão geral do sermão do monte: o propósito do mesmo, a sua estrutura e importância que o mesmo tem para os cristãos de hoje. Além disso, seguiremos publicando sobre a série de meditações no livro de Jó (veja posts anteriores). Esperamos que sirva para termos uma base bíblica sólida nas nossas vidas cristãs! Um grande e querido abraço, Em Cristo. BBVC Sermão do Monte (Mateus 5, 6 e 7) - capítulo 1: Visão geral

segunda-feira, 7 de março de 2011

A teologia errada dos amigos de Jó (Jó 42.7)

“Tendo o SENHOR falado estas palavras a Jó, o SENHOR disse também a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó.” (Jó 42.7)

Nos posts anteriores temos abordado alguns pontos sobre a história de Jó. Os pontos tratados anteriormente foram os seguintes: (i) que Jó era um crente exemplar, com um caráter íntegro, mesmo tendo que sofrer provações e perdas; e (ii) que Deus foi soberano sobre todos os acontecimentos na vida de Jó, mesmo nos sofrimentos que ele teve que passar, também ali estava a mão de Deus controlando tudo com um propósito específico.

O seguinte ponto que queremos abordar neste estudo é sobre a teologia que se movia por trás dos pensamentos dos três amigos de Jó: Elifaz, Bildade e Zofar. Primeiro, é importante notar que na história também aparece um quarto personagem, Eliú, quem não é contado junto com os amigos de Jó e quem não é acusado de maldade no final da história. Sobre Eliú, pretendemos falar mais em estudos posteriores. Em segundo lugar, precisamos lembrar que o discurso deles tinha algo de errado, alguma coisa não estava certa naquilo que eles falavam e que consideravam como “palavras de sabedoria”, pois vemos também que no final da história, no capítulo 42 de Jó, o Senhor os acusa de terem falado mal dEle mesmo. Então, a nossa pergunta que tentaremos responder é a seguinte: O que tinha de errado o discurso dos amigos de Jó? Porque Deus os acusa de terem falado mal contra Ele mesmo?

Neste breve estudo não podemos apresentar todo o texto do discurso dos amigos de Jó. Portanto, recomendamos que, antes de analisar os pontos seja lido o discurso deles, que é apresentado ao longo de todo o livro de Jó. Neste estudo iremos diretamente à análise geral desses discursos. Nesses discursos podemos observar que os amigos de Jó buscam argumentar sobre as razões do sofrimento de Jó. Eles tentaram explicar o por que desse sofrimento e buscaram convencer a Jó, de maneira que a situação dele pudesse ser revertida a partir do entendimento de Jó da causa do seu sofrimento. É interessante notar que, em todos os discursos, os amigos de Jó não acusaram a Deus, mas a Jó. Eles acharam que quem é o culpado do sofrimento é Jó e que Deus é justo. Porém, Deus disse no final: “não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó (Jó.42.7)”. O Senhor considerou as acusações equivocadas dos amigos de Jó como acusações diretas a Ele mesmo e, portanto, acusou deles de terem falado mal. Como disse Paulo: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm.8.33).

Outro aspecto para observar é que os amigos de Jó, ao invés de consolarem ele, buscaram repreendê-lo e acusa-lo. Claro que, como a teologia deles não era correta (ainda veremos qual era a teologia deles), eles achavam que fazendo isto salvariam a vida de Jó. Mas Jó sentia a falta de consolo e empatia deles, e por isso lhes disse: “Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, a menos que tenha abandonado o temor do Todo-Poderoso. Meus irmãos aleivosamente me trataram; são como um ribeiro, como a torrente que transborda no vale...” (Jó 6.14-15). Eles estavam sendo severos demais com Jó e, além disso, precipitadamente, sem terem razoado e visto todas as possibilidades da causa do sofrimento de Jó. Eles não estavam agindo como no provérbio que diz: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão (Pv.17.17)”. Então este foi um primeiro grande erro deles: se apresarem a julgar a situação de Jó, ao invés de serem um consolo e apoio nessa situação tão terrível.

Ora, por que eles estavam agindo assim? Já disse antes: por causa da teologia que estava por trás dos pensamentos deles. E qual era essa teologia? A mesma que a de Satanás: a teologia da prosperidade e da retribuição terrena. O inimigo disse a Deus falando acerca de Jó: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face (Jó 1.11)”. Satanás cria que Jó servia Deus por causa dos bens que ele tinha, isto é teologia da prosperidade, pois coloca em primeiro lugar a Deus como alguém que satisfaz materialmente aos homens, com prosperidade, para que estes lhes sirvam. “Serve a Deus e ele te abençoará (materialmente)” é o que diz alguém que acredita nesta teologia, que nada tem a ver com fé, perseverança nas dificuldades e galardão na eternidade. Com os amigos de Jó acontecia algo similar: Todos eles criam que Jó estava sofrendo por causa dele ter pecado contra Deus. Eles criam na doutrina da retribuição terrena, que se resume na seguinte proposição errada: “Se estamos bem com Deus, então não teremos sofrimentos e perdas materiais. Portanto, se estamos em sofrimento e temos perdido coisas importantes é porque estamos em pecado diante de Deus”. Esta proposição reina ainda hoje em muitos crentes. Podemos ver algumas afirmações dos amigos de Jó que sintetizam estas ideias:

Bildade: “Mas, se tu buscares a Deus e ao Todo-Poderoso pedires misericórdia, se fores puro e reto, ele, sem demora, despertará em teu favor e restaurará a justiça da tua morada.” (Jó 8.5-6). Bildade afirma que quem estiver bem com Deus terá restaurada a sua vida “material”.

Zoar: “Se dispuseres o coração e estenderes as mãos para Deus; se lançares para longe a iniquidade da tua mão e não permitires habitar na tua tenda a injustiça, então, levantarás o rosto sem mácula, estarás seguro e não temerás.” (Jó 11.13-15). Aqui Zoar parte do pressuposto que, de fato, Jó é injusto e está em pecado.

Elifaz: “Reconcilia-te, pois, com ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.” (Jó 22.23). O mesmo pensamento tem Elifaz. Notem também que Elifaz tem um discurso contraditório, pois no inicio fala da justiça anterior de Jó para com os próximos (Jó 4.3-4) e depois fala sobre a injustiça anterior de Jó para com os próximos (Jó 22.7-10).

Contudo, na história de Jó vemos claramente que não era esta a razão do sofrimento de Jó. Deus queria mostrar a sua soberania, o seu poder para tornar o mal em bem, o seu poder para controlar até os designios do inimigo sendo sujeitos a vontade final de Deus e, também Deus queria se manifestar com maior grandeza ainda na vida de Jó. Isto já temos discutido no post anterior.

Mas o que precisamos extrair desta lição é qual é a nossa ideia sobre a forma que age Deus com a humanidade. Muitos crentes se abalam e se desviam da fé por causa de sofrimentos momentâneos que têm nas suas vidas, achando que Deus se esqueceu deles. Outros se encarregam de julgar vidas apenas porque vêm alguns crentes em sofrimento e acham que isso se deve apenas a um castigo de Deus. Não queremos dizer que Deus não possa usar estes meios como disciplina, mas é importante ressaltar que muitas vezes também o justo pode padecer. Temos inúmeros exemplos na Bíblia. Toda a carta de 1 Pedro é um bom exemplo disto. Quero ressaltar o texto que diz: “Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos...” (1 Pe.2.20-21). Pedro afirma que fomos chamados para sofrer junto com Cristo. Portanto, não nos apresemos para julgar alguém que está padecendo e diz ser justo diante do Senhor. Consolemos os corações abalados e confortemos vidas que sofrem dificuldades sem reconhecerem uma causa justificada para isso. Também não achemos que uma dificuldade tem a ver com um pecado. Claro que o Senhor usa muitas vezes essas dificuldades para moldar as nossas vidas, mas entendamos assim em primeiro lugar, não acusemos nem a outros nem a nós mesmos se não entendemos no momento a causa do nosso sofrimento. Lembremos como disse João:

“E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus” (1. Jo.3.19-21).

Que o Senhor nos ajude a não sermos vistos diante dEle como os três amigos de Jó!

Alejandro G. Frank

Base Bíblica para a Vida Cristã

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A acusação de Satanás e a Soberania de Deus (Jó 1.6-12)

“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.
Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela.
Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.
Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus?
Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.
Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.
Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR.” (Jó 1.6-12)

Seguindo com as meditações sobre o livro de Jó que tínhamos apresentado nos últimos dois post deste blog, agora queremos nos deter no texto de acima. A visão que frequentemente se tem acerca desse relato é que simplesmente satanás pediu para tentar Jó, querendo demostrar que o amor que Jó tinha a Deus era apenas o resultado das benções materiais que ele tinha recebido. Nada há de errado nesta interpretação, certamente satanás é o pai da teologia da prosperidade, a mesma que hoje se prega em muitas igrejas e que coloca a Deus quase que ao serviço do homem, dando-lhe benções para que o homem lhe sirva. É claro que isto estava na mente de satanás. Porém essa visão é ainda um pouco restrita a respeito do que o texto nos quer dizer.
Se observarmos como se desenvolve o relato da conversa entre Deus e satanás, veremos que é Deus quem chama a atenção de satanás para que este observe a obediência e fidelidade de Jó: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1.8). Além disso, é Deus quem autoriza satanás para tocar Jó com o mal (veja cap.1.12). O diabo apenas podia acusar àquele que Deus estava colocando diante dele e somente podia fazer mal àquele a quem Deus lhe estava dando autorização. Vemos nesta história o controle de Deus desde o princípio até o fim: No princípio, permitindo que o mal acontecesse na vida de Jó e restringindo a ação do inimigo a pontos específicos que lhe foram permitidos. Por outro lado, no fim, Deus tem o controle porque mostra para Jó a sua grandeza e capacidade de lhe restituir tudo quanto este tinha, lhe confortar o coração e lhe abençoar muito mais do que ele teria imaginado.

Mas por que fez Deus tudo isto? Por que Deus permitiu esse mal contra Jó e, ainda, foi ele quem colocou o dedo de satanás acima de Jó? Eu encontro duas explicações a isto:

(i) Em primeiro lugar, Deus permitiu isto para mostrar a ignorância de satanás diante de Deus, que achava que a fidelidade dos verdadeiros servos de Deus deve-se às benções recebidas. O inimigo não entende nada sobre fé, isto foi demostrado aqui, pois satanás disse: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”. Ainda, depois disto, na segunda vez que satanás se apresenta diante de Deus, ele diz para Deus: “Estende, porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 2.5). Satanás também achava que a fidelidade dos servos de Deus, se não estiver baseada nos bens materiais, pelo menos está baseada na saúde física. Vemos aqui outra teologia diabólica: aquela que se prega nas igrejas sobre os milagres de curas e a saúde daqueles que não tem pecado. Mas Deus deixou isto acontecer, aliás, ele quis que isto acontecesse e incitou o acontecimento, para mostrar a glória dEle na salvação dos seus filhos, que o servem incondicionalmente, até com a própria vida, pois, como disse Jó: “o SENHOR deu, e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!” (Jó 1.21).

(ii) Em segundo lugar, Deus permitiu isto para mostrar ao próprio Jó a grandeza de Deus. É interessante notar que Deus não poupou a vida dos filhos de Jó, nem os seus bens, nada. Tudo foi usado para dar uma lição a Jó. Deus amava Jó e queria lhe ensinar a sua ignorância e a grandeza dAquele que o sustentava. Desta maneira, depois de todo o questionamento que Jó faz sobre a sua situação, Deus se manifesta a ele. Para lhe explicações? Não! Era isto o que Jó queria, mas Deus se manifesta a Jó para lhe questionar e lhe mostrar o ignorante que Jó era (veja caps.38-41). E depois de ter Jó entendido que não entende de nada, o único que lhe restava era se prostrar diante do Criador e adorá-lo, como disse Jó:
“Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei” (Jó 40.3-5).
Ou também a declaração que faz Jó mais adiante:
“Então, respondeu Jó ao SENHOR: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 41.1-6)

Em ambos os pontos podemos ver que Deus usa de sua Soberania até encima de satanás. O diabo foi usado, em toda a sua ignorância diante de Deus, para cumprir os propósitos do nosso Soberano Deus. Da mesma maneira que satanás foi usado para que os homens crucifixassem a Cristo, quem já desde antes da fundação do mundo tinha sido colocado como sacrifício agradável diante de Deus por amor dos eleitos. Satanás queria impedir o plano de Deus, mas na verdade, sem saber, ele o estava executando passo a passo, pois quem tem o controle de toda a história é Deus e somente Ele.

Glória seja dada a ao Senhor, por sabermos que somos filhos de um Deus soberano. Como disse A.W. Pink: “O fato em si de que a vontade de Deus é irresistível e irreversível enche-me de temor; mas, tão logo reconheço que Deus só determina aquilo que é bom, meu coração se regozija”.

Alejandro G. Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A integridade de Jó (Jó cap.29)

Como já disse no post anterior, estou realizando umas meditações sobre o livro de Jó e vários aspectos deste livro tem me falado bastante. Nesta meditação quero destacar alguns pontos sobre a integridade de Jó.
Neste livro podemos ver que Deus se agradava da integridade de seu servo Jó (Jó.1.8 e 2.3). Mesmo com todo o sofrimento de Jó, com todas suas queixas diante de Deus pela injustiça do seu sofrimento, o Senhor não se desagradou de Jó. O Senhor entendia a dor de Jó, embora Ele quisesse ensinar a Jó uma grande lição: a ignorância de Jó diante de Deus e a grandeza de Deus ( veja capítulos 38 ao 41 e 42.1-6). O Senhor assinalou a Jó como um servo fiel.
Mas como era Jó para que Deus se agradasse dele? Quais eram suas características? Como ele se comportava? Gostaria de dividir o caráter de Jó em duas partes: 1) O caráter de Jó em relação a Deus e 2) O caráter de Jó em relação às pessoas. Claro que o segundo é um resultado do primeiro, mas acho importante vermos os dois aspectos, pois um é o aspecto espiritual e o outro é o resultado prático.
O caráter de Jó em relação a Deus
Podemos observar as seguintes características de Jó em relação a Deus:
1) Jó aceitava tanto o bem como o mal que viam da mão do Senhor, mesmo não entendendo o porquê. Ele cria que Deus é Soberano (Jó.1.21 e 2.10).
2) Ele tinha uma fé inabalável, crendo que Deus era perfeito no que fazia, como se vê no cap.1.22: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma”. Além de ter a sua esperança no Senhor, como diz no cap. 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim.”
3) Ele buscava Deus para derramar suas lágrimas, e não seus amigos. Deus era seu consolo: “Os meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus” (Jó.16.20).
4) Embora Jó não entendesse o motivo ou pecado pelo qual ele estava sofrendo, e embora se achasse justo diante de Deus sem existir um motivo para estar padecendo, ele não negava a sua natureza pecaminosa e os “pecados da sua mocidade” (Jó.7.17-21; 19.23-26; 42.1-6).
5) El entendia que a sabedoria e o conhecimento não tinham nada a ver com o ser humano, mas com o temer ao Senhor (Jó.28.28).
6) Ele não blasfemava contra Deus, mesmo quando até a sua esposa o incitasse a isso (Jó 2.9-10).
7) Ele não adorava aos ídolos (Jó 31.26-27).

O caráter de Jó em relação aos homens
Já disse que estas características são o resultado de temer ao Senhor (Jó 28.28). Mas vejamos como se aplicava o temor de Jó a Deus na sua vida prática:
1) Ele intercedia diante de Deus por sua família e pelos “possíveis” pecados que seus filhos poderiam ter cometido (Jó.1.5).
2) Ele estava disposto a morrer se mantendo íntegro, verdadeiro e justo. Nada era suficientemente grande para ele mudar estas coisas (Jó 27.4-6).
3) Ele ensinava a muitos, fortalecia aos fracos, encorajava aos que estavam do seu lado (Jó.4.3).
4) Ele era reconhecido diante dos jovens e idosos como um homem íntegro e exemplar, isto é, ele era um bom testemunho (Jó 29.7-11).
5) Ele livrava e ajudava a pobres e órfãos (Jó 29.12; 31.16).
6) Ele confortava as viúvas e as alegrava (Jó.29.13; 31.16).
7) Ele guiava aos cegos e mancos (Jó 29.15).
8) Era pai dos necessitados (Jó 29.16).
9) Examinava tudo, especialmente as causas dos desconhecidos (Jó.29.16).
10) Aplicava justiça aos malvados (Jó 29.17).
11) Suas palavras eram sábias e todos as respeitavam (Jó.29.21-22).
12) Se alegrava e até ria ou sorria junto com os seus (Jó 29.24).
13) Ele dirigia o caminho dos seus como um chefe de família (Jó 29.25).
14) Ele tinha feito "aliança" com seus olhos, para não pecar olhando outras mulheres (Jó.31.1; 31.9).
15) Ele não seguia o seu próprio coração, não andava em falsidade, nem enganava às pessoas (Jó.31.5-7).
16) Ele respeitava o direito dos seus servos (Jó 31.13).
17) Ele não colocava a sua esperança nos bens materiais (Jó 31.24-25).
18) Ele não se alegrava com a desgraça dos seus inimigos (Jó 31.29-30).

Bom, este é um resumo das características de Jó. Minha oração diante do Senhor é para que possamos ter essa integridade que vemos em Jó e que estejamos preparados para sofrer assim como ele teve que sofrer. Que o Senhor Deus tenha misericórdia de nós e que pela graça de Jesus possamos estar em pé firmes nEle com os olhos em Cristo, o autor e consumador da Salvação. Somente nEle podemos viver como Jó, pois o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Jó 28.28).
Soli Deo Gloria
Alejandro Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sabedoria e temor do Senhor (Jó.28.28)

“E disse [Deus] ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento” Jó.28.28

Hoje estive lendo o livro de Jó. Este texto tem sempre me chamado muita atenção e quis compartilhar uma breve meditação ao respeito, fazendo uma análise desta afirmação.
Se observarmos o comportamento da humanidade em nossos tempos, podemos ver que muito se fala a respeito de conhecimento, mas a sabedoria é mais vista como uma coisa dos antigos, de outras épocas, ou no mais de nossos avós e das pessoas idosas. Também vemos pessoas correndo desenfreadamente para coisas tolas. A vaidade, a cobiça, a destruição da família por meio de adultérios e interesses particulares, a auto-destruição dos jovens por meio da fornicação e das drogas, e assim poderíamos ver uma longa lista de coisas que preocupam à sociedade e, com certeza, também à Igreja.
No meio de toda essa loucura, poderíamos nos perguntar: Mas onde se achará sabedoria? E onde está o lugar do entendimento? Onde estão eles? Parece ser que o homem não conhece o valor dela, nem se acha ela na terra dos viventes. É isso o que o próprio Jó afirmou no seu discurso, no capítulo 28, versos 12-13. Os amigos de Jó falavam muito para ele sobre a sabedoria, mas Jó pergunta: onde se achará a sabedoria? Pois se observamos a terra não vemos a humanidade agindo assim. Mas a conclusão de Jó foi a correta: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria e o apartar-se do mal a inteligência” (Jó 28.28). Então, porque os homens não tem sabedoria? A resposta é: porque não tem temor do Senhor. Porque os homens não tem inteligência nas suas ações? A resposta é: porque não se apartam do mal.
Para ter sabedoria, o homem precisa começar a ter um temor santo do Deus criador de todas as coisas. Mas o que significa ter temor de Deus, o que isso envolve? Eis aqui uma breve lista de coisas que, pelo menos eu, no meu entendimento bíblico, considero que fazem parte do temer ao Senhor:
1) Ter consciência da santidade e da grandeza de Deus, lembrando que ele, além de ser amor, é fogo consumidor (He.12.28-29).
2) Ter consciência dos nossos pecados e de que não somos nada diante de Deus (Ro.7.1-25).
3) Ter consciência que um dia deveremos dar conta de tudo o que fizermos diante de Deus, sendo que ele já sabe todas as intenções do nosso coração e que, naquele dia, tudo o que estiver escondido diante dos homens será revelado e seremos julgados (1.Co.4.5).
4) Ter consciência que Cristo foi crucificado uma só vez por nós e que não será exposto à ignominia por aqueles que dizer ser seus servos (He.6.4-11).
Em primeiro lugar não podemos ter temor se não compreendermos de quem nós temos temor. Sempre se tem temor de algo, ou de alguém. Para termos temor de Deus, precisamos saber primeiro quem é Deus. Em segundo lugar, ter temor de alguém envolve também o motivo que me produz esse temor. Esse motivo tem a ver com meus pecados, com minhas ações que estão sendo vistas diante dEle. Isso nos leva ao terceiro ponto, que é saber que minhas ações serão julgadas diante do Deus verdadeiro, diante do Santo dos Santos, diante do justo Juiz. Isso deve nos encher de temor, por causa dos meus pecados e deve nos levar a viver corretamente, conforme a vontade de Deus. Mas, claro que alguém poderia dizer: não preciso ter temor porque Cristo morreu por mim. É verdade, concordo, mas eis aqui que entra o quarto ponto: Cristo não será exposto à ignomínia, quer dizer à vergonha. Nossas obras serão julgadas: se somos filhos de Deus, lavados pelo sangue de Cristo, justificados e redimidos pela graça de Jesus, então fomos criados para toda boa obra. A vida do cristão deve buscar essa sabedoria porque o cristão tem temor de Deus e temor de colocar ao seu Salvador à vergonha e zombaria do mundo. Hoje, em muitos casos, o mundo zomba de Cristo por haverem pessoas que dizem serem cristãos, mas não vivem sabiamente nem tem esse temor santo ao seu Deus!
Então irmãos, tenhamos temor do Senhor, avaliemos as nossas obras e ações para que elas sejam conforme aos padrões que Deus pede de seus filhos. Vivamos com justiça e retidão, sendo um testemunho de Cristo neste mundo. Somente assim é que viveremos sabiamente, porque a verdadeira sabedoria tem a ver com viver na prática do dia a dia de acordo com a vontade do Senhor. Lembrem que isso só vem a partir do temor que temos dEle.
“Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor” Salmo 2.11

Alejandro Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A fonte de agua viva – Uma breve exposição de João 7.37

“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” João 7.37

Nesta passagem temos uma das expressões características do nosso Senhor Jesus. No Evangelho de João, o Senhor Jesus aparece em vários episódios identificando-se com alguns símbolos tais como: o pão da vida (Jo.6.35), a luz do mundo (Jo.8.12), a porta (Jo.10.7), o bom pastor (Jo.10.11), o caminho a verdade e a vida (Jo.14.6), entre outros. Na passagem citada acima, o Senhor Jesus se identifica com a água que acalma toda sede. Com esta expressão o Senhor Jesus também se dirige à mulher samaritana que estava tirando água do poço de Jacó, em João capítulo 4.

Se não conhecermos o contexto no qual o Senhor Jesus falou estas palavras, poderíamos achá-las um tanto estranhas. Imaginem hoje uma festa religiosa, por exemplo, uma festa de natal, e alguém se levanta, no meio da multidão, e pronuncia estas palavras. Não poderia parecer que a pessoa está fora de si falando algo assim nessa festa? Claro que hoje nós cristãos temos uma noção sobre o que o Senhor Jesus quis dizer quando disse que acalma toda sede. Podemos imaginar a falta de paz espiritual das pessoas como se fosse simbolicamente uma sede que só Jesus pode acalmar. E claro que isto é certo. Mas como, naquele contexto, as pessoas poderiam ter entendido isso? Vemos no mesmo capítulo que, quando o Senhor falou isso, muitos vieram a crer nEle como profeta e outros como messias (Jo.7.40-44). Mas o que tinha de especial estas palavras? Como as pessoas poderiam ter entendido a sua mensagem naquela hora? Será que esta expressão do Senhor foi totalmente fora de contexto com a festa que estava ocorrendo? Se assim fosse, ao invés das pessoas crerem nEle poderiam ter achado que estivesse louco. Mas não foi assim, vemos que as pessoas entenderam e alguns creram, enquanto que outros quiseram matá-lo. Para responder estes questionamentos precisamos entender o contexto das Escrituras. Isto é, como era a festa na qual o Senhor Jesus se encontrava quando falou isto.

Todo este episódio desenvolve-se no capítulo 7 de João. Vemos no início do capítulo que a festa que estava por acontecer, a qual Jesus mais tarde foi, era a festa dos Tabernáculos. Esta festa era comemorada pelos judeus por mandado do Senhor Deus através de Moisés. Na mesma se lembrava como os judeus andaram durante 40 anos pelo deserto, morando em tabernáculos, que eram pequenas barracas construídas de um tipo de palha. Todo o povo vinha para Jerusalém comemorar esta data. Na festa, havia vários rituais de comemoração. Dentre eles um que se insere no contexto das palavras de Jesus: o derramamento da água no templo. Este ritual consistia no seguinte: cada dia da festa, os levitas levavam água do tanque de Siloé ao templo, carregando em vasilhas de prata. Era uma grande procissão, com muitos levitas vestidos de branco cantando ao som das músicas e trombetas. Os levitas iam cantando os salmos 113-118, principalmente a frase do salmo 118.25-26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. Depois, quando chegavam ao altar, um coro repetia Isaias 12.3 e depois o sacerdote derramava a água na terra. Ainda, João destaca que era o último dia, o grande dia. Este dia era chamado pelos judeus como “o grande dia da Salvação”.

Então, vemos que o povo estava em uma festa onde se clamava a Deus pela salvação do deles, para que Deus os salvasse assim como tinha feito com seus pais no deserto milhares de anos antes. O eixo central da festa era a salvação de Israel e o texto de Isaias 12.3 que se recitava quando se derramava a água na terra frente ao altar dizia: “Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação”.

Mas onde estava essa fonte da salvação da qual sairia água? Onde o povo beberia água de salvação? O povo cantava isto, e olhava para o ritual dos sacerdotes como um meio para beber dessas águas, mesmo quando saciados. Eles tinham sede de salvação, mas não achavam essa fonte que era recitada durante todos esses sete dias de festa. Eles proclamavam o grande dia da Salvação, mas isto não era realidade na vida deles. Nesse momento, o Senhor Jesus se coloca de pé e proclama: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Era claro, nesse momento, que o Senhor estava falando de salvação, de uma água viva, vivificante e não como aquela que proclamavam os fariseus. Ainda, o Senhor diz: “como dizem as Escrituras”. Aparentemente, Jesus estava se referindo a Isaias 55.1, no qual fala sobre dar de beber ao povo. Nesse texto diz: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”. O Senhor estava anunciando uma salvação gratuita, uma água da salvação que se pode beber sem preço. E ele estava afirmando que essa salvação provém dEle e não do ritual que os levitas estavam realizando. Através dessa salvação o Senhor nos encheria com o seu Espírito Santo (Jo.7.39).

É por isso que muitas pessoas creram nEle naquela hora, pois entenderam que a fonte de salvação era Ele. Eles entenderam que Jesus estava se referindo àquele ritual e ao texto que se recitava e entenderam que esses textos dos profetas se referiam ao messias, que era Ele. Porém, muitos outros se enfureceram e, ao invés de crerem nEle tentaram o matar. Hoje não é diferente. Essa salvação ainda é proclamada hoje por Jesus! Venham a Ele todos os que têm sede, pois ele é água viva para acalmar a nossa sede! Como disseram os apóstolos em Atos 4.12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. Cada um de nós estará em algum dos dois lados, entre aqueles que o aceitaram como fonte de água viva e salvação, ou entre aqueles que o rejeitaram e quiseram se livrar dEle. De qual lado você está?

Toda glória a Ele.

Base Bíblica para a Vida Cristã

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O processo de restauração no povo de Deus - meditação sobre o livro de Neemias

Caros irmãos em Cristo,
seguimos com uma série de meditações sobre o livro de Neemias.
Neste novo artigo apresentamos uma breve análise do processo de restauração do povo de Deus. Analisamos como aconteceu a restauração de Israel em tempos de Neemias, como Deus operou o despertamento no povo e como isso pode ser uma lição para nossos dias.
Esperamos que o material seja de proveito para a edificação da Igreja.
Um grande abraço,
em Cristo.

Restauração do povo de Deus (Ne.11-13)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ensinando as Escrituras ao Povo de Deus – Breve meditação sobre Neemias 8.8-12

“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.” Neemias 8.8

Esta vez, ao invés de fazer um estudo em formato de artigo, quis simplesmente compartilhar uma breve reflexão sobre o texto de Neemias citado acima. Acho este texto bastante pertinente para o propósito do nosso blog.
No texto citado, podemos ver os sacerdotes de Israel ensinando ao povo de Israel a Palavra de Deus, a Lei de Deus que tinha sido dado a eles através de Moisés. O povo aprendiz era uma nova geração, pessoas que tinham morado por muitos anos como cativos na Babilônia e outros que tinham ficado em um Israel devastado. Este povo não tinha sido instruído na Palavra, e eis aqui o Senhor realizando um grande avivamento espiritual, levantando um povo sedento pela Palavra. Vejamos uma parte do que descreve que estava acontecendo nesse momento (Neemias 8.8-12):

“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.
Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.
Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.
Os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; e não estejais contristados.
Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas.”

Alguns pontos que quero destacar deste texto:
1) Podemos ver aqui os sacerdotes ensinando a Palavra a um povo sedento por ouvir as instruções de Deus. Eles não fizeram pregações temáticas, não falavam de encorajamento, motivação, etc. Eles ensinavam o que estava escrito na Lei. Isto é, eles traziam esclarecimento sobre o que diz na Palavra, para que o povo aprendesse e o aplicasse nas suas vidas. Em síntese, vemos que eles faziam o que hoje nós denominamos “um estudo expositivo” das Escrituras, com um alvo claro: o entendimento das Escrituras, tal como também fizeram Lutero, Calvino e outros homens na época da reforma protestante.
2) O povo chorava escutando a Lei. Por quê? Porque a Lei falava do que aconteceria àqueles que fossem desobedientes a Deus e não cumprissem o que nela estava escrito. O povo estava escutando os mandamentos e sendo confrontado com seus pecados, tanto assim que vemos mais adiante, neste livro de Neemias, como o povo começa uma reforma e uma purificação das suas vidas.
3) O arrependimento do povo era visível, eles estavam chorando por seus pecados e queriam fazer a vontade do Senhor. E o que fizeram os sacerdotes? Carregaram eles com mais peso como os fariseus o faziam no tempo de Jesus? Fizeram que pagassem seus pecados com penitências? Não! Os sacerdotes confortaram o coração do povo fazendo-lhes ver que era o dia em que o Senhor tinha feito um avivamento espiritual para reconstruir Israel. Portanto, esse dia era um dia consagrado a Ele, no qual a alegria de Israel estava sendo restituída. Isto não significa que o povo fosse consolado e desencorajado a cumprir a Lei. Pelo contrário, o povo teve que purificar-se, corrigir seus erros e pecados e voltar a uma vida consagrada ao Senhor. Mas isto foi feito com alegria.
4) Finalmente, quero destacar a alegria do povo por terem entendido a Palavra do Senhor. Esta mesma alegria pôde-se observar em todas as épocas de avivamento espiritual na Igreja. Os apóstolos, os reformadores, os evangelistas, sempre buscaram trazer clareza sobre o que ensina a Palavra e aqueles que a ouviram, creram e a entenderam, tiveram grande gozo e alegria no coração!

Isto nos deixa um ensinamento para nossos dias. O Senhor é quem levanta um povo sedento pela sua Palavra, disposto a ficar um dia inteiro de pé escutando as instruções do Senhor. O Senhor também é quem levanta homens de fé, fieis a Ele, dispostos a ensinar as Escrituras ao povo. E eis aqui o dever desses homens: ensinar e trazer esclarecimento das escrituras àqueles que têm sede por ela e não a compreendem. Somente pela Palavra eles serão vivificados e é por isso que o trabalho da Igreja precisa estar direcionado a dar às pessoas uma base bíblica para suas vidas. Por este motivo, também nós temos buscado, através deste blog, publicar artigos que apresentem estudos da Bíblia, que expliquem o significado da mesma e que apresentem aplicações práticas nas vidas dos crentes.
Meu desejo é que possamos escutar e aprender a Palavra do Senhor e sentir aquilo que o povo sentiu quando diz: “Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas” (Neemias 8.12).

Grande abraço, no amor de Cristo.

Alejandro G. Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã