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Capítulo XIV
O crente e as obras de caridade
Alejandro G. Frank
Introdução
No estudo anterior começamos uma nova seção do Sermão do
Monte (Mateus 6) que trata sobre a prática da justiça diante de Deus e diante
dos homens. Nesse estudo dizemos que Jesus apresentou um princípio sobre a
relação do crente com a prática da justiça, destacando a seguinte advertência:
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça
diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não
tereis galardão junto de vosso Pai celeste” (Mateus 6.1). Vimos que o
Senhor Jesus fez uma forte advertência a seus discípulos para que estes não
buscassem a glória dos homens. Ao invés disso, seus discípulos deveriam
praticar a justiça de maneira tal que Deus os visse e não os homens. Eles
deveriam viver para agradar a Deus e não a homens. Para serem aprovados por
Deus ao invés de serem lisonjeados pelos homens. Enfim, isto significa que
corremos o risco de cair no autoengano e utilizar as melhores obras de justiça
– aquelas obras que aparentam provir de pessoas fieis a Deus – para sermos
exaltados pelo mundo. É sobre este assunto que o Senhor Jesus ensina em todo o
Capítulo 6 de Mateus de diferentes maneiras e com aplicações a diferentes
aspectos da vida do ser humano.
Neste estudo consideraremos a primeira das aplicações
práticas em que se desdobra o princípio geral apresentado no verso 6.1. Esta
aplicação encontra-se nos versos 2 a 4:
“Quando,
pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas,
nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos
digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a
tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mateus 6.2-4)
A primeira das formas em que Jesus desdobra a relação do
crente com a prática da justiça está relacionada com as esmolas. Em um sentido
mais genérico, podemos chamar isto como “obras de caridade” que o crente pode
fazer. Este é um tema de discussão muito comum entre católicos romanos e
evangélicos. Enquanto os primeiros ressaltam muito a importância deste aspecto,
os últimos desde a época da Reforma Protestante têm mostrado uma forte aversão
a este tipo de práticas por medo a que se confunda com méritos para alcançar a
salvação. Mais adiante falaremos especificamente sobre este assunto e basta
agora antecipar que nenhuma das duas posições extremas é saudável. É claro que
neste texto o Senhor está considerando como positivo realizarmos obras de
caridade. O problema jaz no princípio apresentado no verso 6.1, isto é, no
intuito com que esta obra é praticada.
Note também que Jesus começou a desdobrar o princípio do
verso 6.1 pelas obras de caridade (esmolas) e não pela oração ou o jejum, que
são outras aplicações práticas que ele utilizará depois (nos versos 6.5 a 15 e
6.16 a 18 respectivamente). Por que começar por esmolas e não pela oração, por
exemplo? Por acaso a oração não seria muito mais importante do que dar esmolas?
Poderíamos dizer que a oração é de fato mais importante no nosso relacionamento
com Deus, mas as obras de caridade são o aspecto mais visível da prática da
justiça diante dos homens. As pessoas tendem a exaltar mais alguém que é um
grande ofertante frente a alguém que é um orador fervoroso. Observe nas
igrejas: o que chama mais a atenção geral das pessoas, um dizimista forte ou
uma pessoa que ora fervorosamente? É claro que as pessoas se impressionam mais
com a caridade do que com os jejuns e orações. Sempre que se toca no aspecto
material este impacta mais aos olhos do ser humano. É o deus Mamom (o deus da
riqueza) que ocupa um cantinho no coração de muitas pessoas. O amor aos bens
materiais é uma grande tentação que o crente deve combater. Portanto, a
primeira forma de sermos tentados a buscar a glória dos homens ao invés da
glória de Deus é por meio das obras de caridade, das esmolas, daquilo que
mostramos por meio dos nossos bens materiais. Por esse motivo, o Senhor Jesus
ensina nesta seção como devemos proceder para honrarmos a Deus com nossos bens
da maneira certa. É isso que vamos considerar nas seguintes seções.
As esmolas no contexto judaico da época de Jesus
Antes de considerarmos o texto em questão, vamos definir o
que se entende por esmolas neste texto. O dicionário define esmolas como “o que
se dá por caridade aos necessitados”. Isto significa que em um sentido limitado
é uma ajuda monetária, mas que em um sentido mais amplo é qualquer tipo de ajuda que possamos oferecer aos outros. Neste
sentido, o nosso próprio tempo muitas vezes é um bem muito precioso que podemos
oferecer para ajuda aos outros e às vezes é até mais difícil dedicar nosso
tempo do que os nossos recursos financeiros.
Na época de Jesus era muito comum dar um pedaço de pão ou
dinheiro aos pobres que pediam esmolas nas ruas. Rops (p.352)[1]
afirma que nos tempos de Jesus “a vida diária de Israel era pontuada pelo clamor de suas súplicas”. Neste
contexto era muito comum e necessária a obra de caridade das pessoas. O mesmo
autor destaca que em tempos de peregrinações Israel se enchia de mendigos pelo
fato dos peregrinos virem a Israel com um coração mais propenso para ajudar aos
pobres. Este era o contexto no qual os fariseus desenvolviam sua doutrina. Eles
consideravam as esmolas como frutos de justiça. Eles se baseavam em textos como
os do Salmo 112.9 quando fala do homem justo: “Distribui, dá aos pobres; a sua
justiça permanece para sempre, e o seu poder se exaltará em glória”. De fato, a
Palavra de Deus exalta como uma das
características do homem justo as obras de caridade. O problema é que eles não
enxergavam isto como uma consequência de alguém que alcançou a graça de Deus e
por meio disso faz estas obras. Pelo contrário, eles criam nestas obras de
caridade como obras meritórias, que permitiriam alcançar o favor de Deus. Algo
muito similar ao que acontecera com a doutrina do catolicismo romano durante a
idade média e diante do que reformadores como Martinho Lutero fizeram seu forte
protesto pregando que a justificação era dada somente pela fé e não pelas
obras. Voltando aos fariseus, Matthew Henry explica que nessa época as obras de
justiça eram tão fortemente associadas às esmolas que os judeus chamavam à
caixa das esmolas do templo como “caixa da justiça”. Contudo, como o mostra o
próprio ensinamento de Jesus no Sermão do Monte (veja e compare os versos 5.20
e 6.1), a maior preocupação que estava por trás de pessoas como os fariseus da
época quando davam suas esmolas não era nem sequer a possibilidade de
alcançarem o favor de Deus por meio de tais obras. O verdadeiro intuito que
estava no coração deles era serem exaltados pelos homens, serem tidos por
justos e santos aos olhos dos homens. Esse era o maior orgulho que estes homens
tinham e para estes foi dirigida esta mensagem. Como bem disse Jesus, “eles já
tinham sua recompensa (v.6.2b)”.
Esmolas, ofertas e dízimos
Quando definimos o que se entende por esmolas temos dito que
é todo tipo de ajuda, principalmente por meio dos nossos bens, que podemos dar
para o próximo. Em um sentido específico este tipo de ajuda é focado em
indivíduos necessitados. Porém, se enxergamos este conceito desde uma ótica
mais ampla, podemos incluir também dentro dele às ofertas e dízimos que são entregues
na igreja. Pode parecer estranho, mas reflita comigo: qual é o objetivo final
dos dízimos e das ofertas? No Antigo Testamento encontramos que o povo de
Israel tinha que dar seus dízimos por dois motivos:
(i)
O primeiro era para que o povo se lembrasse de
que seus bens pertenciam ao Senhor.
(ii)
O segundo era para ajudar na sustentação do
templo e daqueles que serviam no templo.
Se considerarmos o primeiro ponto, podemos notar que os
dízimos não tinham um caráter apenas cerimonial, mas moral. O dízimo não buscava
apenas regulamentar a vida religiosa de Israel, mas era um meio de lembrança ao
povo da soberania de Deus sobre todos os bens deles. Além disso, esta era uma
regra estabelecida como um mínimo de retribuição por agradecimento, mas no
final das contas todos os bens do povo
eram dEle e para Ele.
Por outro lado, se considerarmos o segundo ponto, podemos
notar que os dízimos e ofertas, em última instância, tinham um propósito
similar às esmolas, pois eram meios de ajudar e sustentar àqueles que não
tinham outra coisa do que viver. Lembre que os sacerdotes não tinham bens nem
herança em Israel. Deus tinha dito para os desentendes de Levi que eles
ministrariam no templo e dependeriam do sustento do restante do povo. Portanto,
eles dependiam do que recebiam das ofertas e dízimos do povo. Afirmo assim que
dar os dízimos e as ofertas também era parte da prática da justiça da caridade,
sendo uma ação moral que visava glorificar a Deus por meio da ajuda ao próximo.
Pois bem, você poderia pensar que tudo isto é apenas coisa
do Antigo Testamento e da nação de Israel. Então, deixe-me prosseguir com meu
argumento e consideremos os tempos de Jesus. Tudo indica nos evangelhos que o
Senhor Jesus não se opunha aos dízimos e ofertas. Em Mateus 23:23 vemos que ele
não se opôs aos dízimos e ofertas, mas acusou aos fariseus que este ponto era
tão importante para eles que chegaram esquecer o primordial, isto é, a justiça,
a misericórdia e a fé. Além disso, eles tinham esquecido a ordem certa das
prioridades, pois vemos em Marcos 7 que uma das acusações de Jesus para com
eles foi a seguinte:
“Pois
Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua
mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a
sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o
Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de
sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós
mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.” (Marcos
7.11-13)
Eles usavam o dízimo e as ofertas como desculpa para não
ajudar seus pais necessitados. Por que motivo? Pelo mesmo motivo considerando
nesta porção do Sermão do Monte, isto é, pelo fato de quando eles davam os
dízimos e as ofertas buscavam serem reconhecidos diante do povo, enquanto que
ajudar aos seus pais em casa não se tornava tão visível aos olhos da sociedade
da época. Além disso, eles achavam que fazer isto era mais justo e correto e
que o templo era mais importante que honrar seus próprios pais. Eles tinham
abordado esta prática de uma maneira legalista e interesseira, longe dos
verdadeiros propósitos de Deus.
Se avançarmos um pouco mais, podemos ver que após os tempos
de Jesus, durante a igreja primitiva, não aparecem indicações diretas a
respeito dos dízimos. Por que? É porque tinha acabado a lei judaica abolindo os
dízimos e ofertas? No meu entender não é por este aspecto um tanto negativo,
mas por algo muito mais importante e positivo. É porque os apóstolos tinham entendido
que “Deus ama a quem dá com alegria”
(2.Coríntios 9.7). Os fieis a Cristo tinham entendido que tudo pertence a seu
Senhor. Desta maneira, a igreja não falava em dízimos nem em esmolas, mas sim
em ofertas aos santos e necessitados.
O dinheiro que se coletava era utilizado para sustentar a obra, para o sustento
de Paulo e outros missionários assim como para o sustento das igrejas mais
pobres. Por exemplo, vemos em Atos 4.32-35 que os membros da igreja venderam todos seus pertences para sustentar a obra.
Os filipenses (Filipenses 4.10-20) ajudaram a sustentar o apóstolo Paulo nas
suas prisões. As igrejas da Macedônia foram generosas com ofertas a outras
igrejas pobres e necessitadas mesmo elas sendo também pobres (2Coríntios 8.1-7)
. Tal foi este exemplo que Paulo exortou aos coríntios para que estes também
seguissem e imitassem aos macedônios, não por mandato, senão por gratidão
(2.Coríntios 8.7-15; 9.1-5). Inclusive o próprio apóstolo Paulo trabalhava para
ajudar estas igrejas e não ser oneroso para com elas (2.Coríntios 12.14). É
muito claro em todos esses textos que a questão da prática da caridade por meio
de esmolas, dízimos, ofertas, sustento aos ministros e todo tipo de ajuda que a
igreja faz com os necessitados (primeiramente com os da própria casa, isto é,
como os próprios membros das igrejas) nunca deixou de ser válido e importante
(veja também textos como Tiago 2.14-17; 1 João 3.17-18).
Com tudo isto, quero dizer que este texto do Sermão do Monte
é um ensinamento para não sermos avarentos, cobiçosos e desonestos, negando a
importância da prática das obras de caridade e generosidade.
A crítica de Jesus aos hipócritas
Como já vimos anteriormente, o problema que Jesus coloca não
é a caridade em si; o problema é quando se busca exercer a justiça diante dos
homens com o fim de ser vistos por eles (Mateus 6.1). Observem como Jesus
dirige neste texto sua crítica para com os hipócritas:
“Quando,
pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas,
nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens” (Mateus 6.2a).
A palavra hipócrita que Jesus utiliza aqui, vocês verão que
se repete várias vezes nos versos subsequentes. Um hipócrita, naquela época,
era uma pessoa do teatro romano que utilizava uma máscara. Portanto, não era
possível ver a sua verdadeira identidade. Dai que provém a conotação de
hipócrita para uma pessoa falsa, que não mostra aquilo que ela realmente é.
Estes homens descritos por Jesus anunciavam publicamente seus feitos de
piedade, mas tais feitos eram apenas uma máscara para esconder o que eles
realmente eram no interior.
O texto também nos diz que eles tocavam trombeta para serem
vistos. É claro que eles não tocavam trombeta literalmente. Isto é apenas um
quadro imaginário. É uma expressão como a que utilizamos hoje “fazer alarde”. É
dizer que eles faziam com que as pessoas notassem as obras de caridade que eles
realizavam. Eles estavam pendentes de que a sociedade os visse fazendo isso. O
mundo faz muito disto. Considere, por exemplo, o caso de muitos famosos do
mundo do espetáculo. Eles fazem anúncios de doações e ajudas aos necessitados.
Aparecem publicamente fazendo todo tipo de caridade. Porém, quando observamos
suas vidas privadas, como por exemplo, a maneira que agem com suas respectivas
esposas ou maridos e com seus filhos, quebrando matrimônios por meio do
adultério, deixando de dar a atenção necessária à família, inclusive envolvidos
em casos de corrupção, intrigas, fofocas etc., vemos uma grande incoerência de
suas vidas. Pelo menos a meu modo de ver isto é um bom exemplo de pessoas que
fazem suas caridades com o fim de serem vistos pelos homens.
Contudo, existem formas mais sutis de se tocar trombeta para
que as pessoas notem os nossos feitos piedosos. Deixem-me lhes dar alguns
exemplos. Primeiro, como disse Lloyd-Jones, uma forma muito sutil de fazermos
isto é quando alugamos um mensageiro. Isto é, quando contratamos alguém para
nos exaltar em público. Como pode acontecer isto? Por exemplo quando contamos
algum dos nossos feitos para uma pessoa que já sabemos antecipadamente que o
divulgará para outros. Podemos não ser nós os que contamos que fizemos uma
determinada oferta ou dízimo ou ajuda para alguém, mas podemos deixar que
alguém o veja e seja essa pessoa que o divulgue. Em segundo lugar, outra forma
sutil é quando deixamos vazar a informação intencionalmente. Já conheceram
alguma vez essas pessoas que no meio da conversa puxam algum dos seus feitos de
uma maneira sutil. Elas não falam aberta e diretamente sobre o que fizeram, mas
frequentemente no meio das conversas introduzem tais assuntos como se fossem
normais ao assunto em pauta. Esse tipo de pessoas usam argumentos como ser um
simples exemplo ilustrativo do assunto em pauta, ou ser uma lembrança sobre um
acontecimento similar, ou coisas desse tipo. Mas os exemplos ou lembranças que
elas introduzem são aqueles que as exaltam a elas mesmas, destacando os seus
feitos. Uma terceira forma sutil é através das orações de agradecimento
públicas. Não sou contra orar e agradecer em público, mas muitas vezes isto
pode ser um meio pelo qual nos autoenganamos, utilizando como pretexto para
compartilhar os nossos feitos. Não sou juiz de ninguém e cada um tem que
conhecer o seu coração e avalia-o à luz das Escrituras. Confesso que eu
particularmente prefiro reservar algumas coisas da gratidão pública pois sei
que pode fazer muito mal a mim mesmo. Se o testemunho do que fazemos ofuscar a
glória de Cristo, certamente estamos tocando trombeta diante dos homens, para
que eles nos exaltem.
Um bom exemplo bíblico para aquilo que acabamos de dizer
podemos encontrar em Atos 4:3- 5:11. Vemos o contraste entre duas atitudes na
igreja cristã. Por um lado temos o exemplo de Bernabé. Atos 4.36-37 diz que ele
vendeu um campo e ofertou todo o dinheiro da venda para ajudar aos necessitados
da igreja. Mas, por outro lado, houve um casal invejoso, que via no ato de
Bernabé um meio para ser exaltado na igreja e quiseram imitá-lo utilizando o
engano. Atos 5.1-11 conta que este casal, Ananias e Safira, mentiram aos apóstolos,
pois ofertaram parte da sua herança, mas disseram que tinham dado tudo o que
tinham. Eles não precisavam fazer isto, eles podiam ficar com todo seu
dinheiro. Mas o que Deus julgou neles foi a hipocrisia com que agiram para
serem reconhecidos diante da igreja como pessoas piedosas. Eles queriam ser
glorificado pelos homens e talvez tenham recebido sua recompensa.
Ainda, o Senhor Jesus afirma sobre este tipo de pessoas o
seguinte: “Em verdade vos digo que eles
já receberam a recompensa” (Mateus 62b). Esta é uma triste afirmação sobre
o estado de tais almas. Elas já receberam a recompensa daquilo que buscavam,
quando buscam o reconhecimento e a glória dos homens eles já receberam sua
recompensa: algo vazio, efemero, temporário. Onde estão todas as celebridades
que já passaram pela TV e que nunca mais apareceram? Onde está a glória de
grandes impérios e reinos que já não existem? Onde ficaram os elogios que
recebemos no ano passado? Todos eles estão apenas e como máximo nos registros
da história, mas passaram para o esquecimento. O mundo segue avançando, a
eternidade se aproxima e nada mais resta para tais homens. Note que o Senhor
disse “já receberam”, isto dá uma clara conotação de que nada mais resta para
estas pessoas receberem, tudo o que eles buscavam já o têm conseguido, nada
mais terão para receber na eternidade, apenas vergonha eterna.
O ensino positivo – como proceder corretamente nas obras de caridade
Até o momento vimos os aspectos negativos deste ensinamento.
Porém, a doutrina cristã nunca é negativista no sentido de ser apenas uma
reação às condutas ou apenas condenatória para com elas. Temos muito por
ensinar e aprender para vivermos uma vida que realmente glorifica a Deus. Todo
o ensino do Sermão do Monte tem esse propósito: aprendermos a viver a religião
da maneira certa, da maneira que agrada e glorifica a Deus. Portanto, vemos que
Jesus acrescenta o sentido correto das obras de caridade da seguinte maneira:
“Tu, porém,
ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para
que a tua esmola fique em secreto...” (Mateus 6.3-4a)
O Senhor diz, “ao dares a esmola”, portanto Jesus não via as
obras de caridade como algo ruim ou mau. Pelo contrário, desde Jesus até o
último dos apóstolos sempre se preocuparam com os pobres e necessitados da
família da fé e Tiago se preocupa bastante com esta questão na sua epístola.
Paulo disse que Deus ama ao que dá com alegria. O ato de dar com generosidade é
fruto do amor de Deus, pois ele mesmo nos dá sua graça de maneira abundante e
generosamente. Dele é que deveríamos aprender como dar por amor. Mas há uma
forma correta de dar e esta consiste em que: “ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita”. Esta
expressão acarreta em dois significados:
a) Significa que nem nós mesmos devemos saber. Se a nossa mão esquerda não sabe o que faz a direita, então os nossos membros do corpo não devem saber o que os outros membros dele fazem (em um sentido figurado, claro). Como acontece isto de maneira prática? Uma forma é que não deveríamos andar com um caderno imaginário de boas obras que realizamos. Já passaram por uma situação em que depois de terem feito um favor ou uma ajuda para alguém e esperando serem tratados da mesma maneira, isto não acontece? Qual é a reação? É comparar nossas obras com as deles? É nos sentirmos melhores do que eles? Isto seria uma forma de “registrar” boas obras na nossa memória. Há pessoas nas igrejas que acham que têm mais direito por serem melhores dizimistas, e outros acham que seus pecados são justificados por causa das obras de caridade que realizam. Estas são formas em que a mão esquerda sabe o que a mão direita faz. Portanto, este ponto nos leva à atitude de ajudar a alguém e logo esquecer e estar preparado novamente para fazê-lo, independentemente de qualquer circunstância. Em Mateus 25.34-40 vemos um bom exemplo disto:
a) Significa que nem nós mesmos devemos saber. Se a nossa mão esquerda não sabe o que faz a direita, então os nossos membros do corpo não devem saber o que os outros membros dele fazem (em um sentido figurado, claro). Como acontece isto de maneira prática? Uma forma é que não deveríamos andar com um caderno imaginário de boas obras que realizamos. Já passaram por uma situação em que depois de terem feito um favor ou uma ajuda para alguém e esperando serem tratados da mesma maneira, isto não acontece? Qual é a reação? É comparar nossas obras com as deles? É nos sentirmos melhores do que eles? Isto seria uma forma de “registrar” boas obras na nossa memória. Há pessoas nas igrejas que acham que têm mais direito por serem melhores dizimistas, e outros acham que seus pecados são justificados por causa das obras de caridade que realizam. Estas são formas em que a mão esquerda sabe o que a mão direita faz. Portanto, este ponto nos leva à atitude de ajudar a alguém e logo esquecer e estar preparado novamente para fazê-lo, independentemente de qualquer circunstância. Em Mateus 25.34-40 vemos um bom exemplo disto:
“então,
dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai
na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive
fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e
me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e
fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos
com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te
vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos
enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade
vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim
o fizestes.”
Por que estas pessoas não souberam
identificar as obras às quais Jesus se referia? Primeiro porque eles não
levavam um registro desses feitos. Eles não consideravam tais atos como dignos
para serem chamados diante do seu Senhor. Eles não souberam identificar nisso
uma obra digna para Cristo. Eles apenas o fizeram porque sabiam que era o seu
dever. Assim também nós devemos pensar e agir. Há pessoas que realizam alguma
obra e ficam satisfeitas. Nós, porém, deveríamos seguir a instrução de Jesus: “Assim também vós, depois de haverdes feito
quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o
que devíamos fazer.” (Lucas 17.10). Diante do Senhor devemos nos considerar
servos inúteis, hoje, para que um dia Ele nos chame dizendo “servo bom e fiel”
(Mateus 25.23).
b) Por outro lado, esta expressão ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita” significa também que devemos fazer o possível para que ninguém saiba a obra que estamos fazendo. Se nem a nossa mão esquerda deve saber o que a direita faz, quanto menos a mão e o olho do próximo! Se nem nós mesmos deveríamos nos lembrar das obras de justiça que fazemos, quanto menos as outras pessoas! A nossa preocupação deve estar em que Deus o veja e não os homens. Ora isto não significa que cada vez que alguém souber algum feito nosso já é pecado. O pecado jaz no desejo que podemos ter em nosso coração dos outros saberem aquilo que nós fazemos de bom, aquilo que nós fazemos como obra de caridade. Então, tudo começa pela intensão que está no nosso coração e é por isso que é o nosso coração o que nós mesmos devemos colocar sob observação diante das Escrituras.
b) Por outro lado, esta expressão ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita” significa também que devemos fazer o possível para que ninguém saiba a obra que estamos fazendo. Se nem a nossa mão esquerda deve saber o que a direita faz, quanto menos a mão e o olho do próximo! Se nem nós mesmos deveríamos nos lembrar das obras de justiça que fazemos, quanto menos as outras pessoas! A nossa preocupação deve estar em que Deus o veja e não os homens. Ora isto não significa que cada vez que alguém souber algum feito nosso já é pecado. O pecado jaz no desejo que podemos ter em nosso coração dos outros saberem aquilo que nós fazemos de bom, aquilo que nós fazemos como obra de caridade. Então, tudo começa pela intensão que está no nosso coração e é por isso que é o nosso coração o que nós mesmos devemos colocar sob observação diante das Escrituras.
O resultado da atitude certa
Finalmente, temos que lembrar que a Palavra do Senhor não
vem apenas com advertência, mas também com promessas: “para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto,
te recompensará.” (Mateus 6.2-4). Nós
podemos esquecer, podemos ocultar, podemos passar despercebidos com a nossa
vida religiosa, com a nossa piedade e caridade. Porém, não passaremos
despercebidos diante dos olhos de Deus. Ele se alegra com os humildes e
certamente os recompensará. Tudo está escrito nos livros celestiais, todas as
obras, todos os feitos e até todas as nossas lágrimas derramadas não são em
vão. Veja textos como Apocalipse 20.11-15 ou como Salmos 56.8. Isso é um grande
consolo para o cristão. Nós, como crentes, não confiamos em nós mesmos e
sabemos que a nossa própria justiça nada vale diante de Deus para sermos salvos
e alcançar sua graça. Sabemos que dependemos totalmente da obra de Cristo na
cruz e que somente a fé nele é o que nos reconcilia com Deus e nos justifica de
maneira a termos esperança no juízo final. Por meio da obra de Cristo podemos
ter a certeza de que Deus se agrada da vida de pecadores arrependidos que
buscam dia a dia segui-lo, servi-lo, adorá-lo e glorifica-lo. E as promessas
não param ai, pois a Bíblia nos promete que teremos o auxílio divino, por meio
do Espírito Santo, para podermos viver em santidade. Não estamos sós, Deus é
conosco.
Portanto, uma pergunta final cabe a você mesmo se responder:
se você se considera já crente, seguidor de Cristo, você tem buscado a glória
de Deus ou dos homens? Lembre, portanto, daquilo que consideramos neste estudo.
Por outro lado, se você não for ainda cristão, a Bíblia diz claramente que até
hoje você nunca viveu para a glória de Deus e sim para si mesmo e para os olhos
da sociedade. Portanto, volte-se, arrependa-se dos seus pecados e venha a
Cristo que de maneira nenhuma ele o rejeitará!
Soli Deo Gloria!
Parabéns pelo belo e completo estudo da palavra .Deus seja louvado .
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