quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A acusação de Satanás e a Soberania de Deus (Jó 1.6-12)
Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela.
Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.
Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus?
Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.
Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.
Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR.” (Jó 1.6-12)
Seguindo com as meditações sobre o livro de Jó que tínhamos apresentado nos últimos dois post deste blog, agora queremos nos deter no texto de acima. A visão que frequentemente se tem acerca desse relato é que simplesmente satanás pediu para tentar Jó, querendo demostrar que o amor que Jó tinha a Deus era apenas o resultado das benções materiais que ele tinha recebido. Nada há de errado nesta interpretação, certamente satanás é o pai da teologia da prosperidade, a mesma que hoje se prega em muitas igrejas e que coloca a Deus quase que ao serviço do homem, dando-lhe benções para que o homem lhe sirva. É claro que isto estava na mente de satanás. Porém essa visão é ainda um pouco restrita a respeito do que o texto nos quer dizer.
Se observarmos como se desenvolve o relato da conversa entre Deus e satanás, veremos que é Deus quem chama a atenção de satanás para que este observe a obediência e fidelidade de Jó: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1.8). Além disso, é Deus quem autoriza satanás para tocar Jó com o mal (veja cap.1.12). O diabo apenas podia acusar àquele que Deus estava colocando diante dele e somente podia fazer mal àquele a quem Deus lhe estava dando autorização. Vemos nesta história o controle de Deus desde o princípio até o fim: No princípio, permitindo que o mal acontecesse na vida de Jó e restringindo a ação do inimigo a pontos específicos que lhe foram permitidos. Por outro lado, no fim, Deus tem o controle porque mostra para Jó a sua grandeza e capacidade de lhe restituir tudo quanto este tinha, lhe confortar o coração e lhe abençoar muito mais do que ele teria imaginado.
Mas por que fez Deus tudo isto? Por que Deus permitiu esse mal contra Jó e, ainda, foi ele quem colocou o dedo de satanás acima de Jó? Eu encontro duas explicações a isto:
(i) Em primeiro lugar, Deus permitiu isto para mostrar a ignorância de satanás diante de Deus, que achava que a fidelidade dos verdadeiros servos de Deus deve-se às benções recebidas. O inimigo não entende nada sobre fé, isto foi demostrado aqui, pois satanás disse: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”. Ainda, depois disto, na segunda vez que satanás se apresenta diante de Deus, ele diz para Deus: “Estende, porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 2.5). Satanás também achava que a fidelidade dos servos de Deus, se não estiver baseada nos bens materiais, pelo menos está baseada na saúde física. Vemos aqui outra teologia diabólica: aquela que se prega nas igrejas sobre os milagres de curas e a saúde daqueles que não tem pecado. Mas Deus deixou isto acontecer, aliás, ele quis que isto acontecesse e incitou o acontecimento, para mostrar a glória dEle na salvação dos seus filhos, que o servem incondicionalmente, até com a própria vida, pois, como disse Jó: “o SENHOR deu, e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!” (Jó 1.21).
(ii) Em segundo lugar, Deus permitiu isto para mostrar ao próprio Jó a grandeza de Deus. É interessante notar que Deus não poupou a vida dos filhos de Jó, nem os seus bens, nada. Tudo foi usado para dar uma lição a Jó. Deus amava Jó e queria lhe ensinar a sua ignorância e a grandeza dAquele que o sustentava. Desta maneira, depois de todo o questionamento que Jó faz sobre a sua situação, Deus se manifesta a ele. Para lhe explicações? Não! Era isto o que Jó queria, mas Deus se manifesta a Jó para lhe questionar e lhe mostrar o ignorante que Jó era (veja caps.38-41). E depois de ter Jó entendido que não entende de nada, o único que lhe restava era se prostrar diante do Criador e adorá-lo, como disse Jó:
“Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei” (Jó 40.3-5).
Ou também a declaração que faz Jó mais adiante:
“Então, respondeu Jó ao SENHOR: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 41.1-6)
Em ambos os pontos podemos ver que Deus usa de sua Soberania até encima de satanás. O diabo foi usado, em toda a sua ignorância diante de Deus, para cumprir os propósitos do nosso Soberano Deus. Da mesma maneira que satanás foi usado para que os homens crucifixassem a Cristo, quem já desde antes da fundação do mundo tinha sido colocado como sacrifício agradável diante de Deus por amor dos eleitos. Satanás queria impedir o plano de Deus, mas na verdade, sem saber, ele o estava executando passo a passo, pois quem tem o controle de toda a história é Deus e somente Ele.
Glória seja dada a ao Senhor, por sabermos que somos filhos de um Deus soberano. Como disse A.W. Pink: “O fato em si de que a vontade de Deus é irresistível e irreversível enche-me de temor; mas, tão logo reconheço que Deus só determina aquilo que é bom, meu coração se regozija”.
Alejandro G. Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
A integridade de Jó (Jó cap.29)
Neste livro podemos ver que Deus se agradava da integridade de seu servo Jó (Jó.1.8 e 2.3). Mesmo com todo o sofrimento de Jó, com todas suas queixas diante de Deus pela injustiça do seu sofrimento, o Senhor não se desagradou de Jó. O Senhor entendia a dor de Jó, embora Ele quisesse ensinar a Jó uma grande lição: a ignorância de Jó diante de Deus e a grandeza de Deus ( veja capítulos 38 ao 41 e 42.1-6). O Senhor assinalou a Jó como um servo fiel.
Mas como era Jó para que Deus se agradasse dele? Quais eram suas características? Como ele se comportava? Gostaria de dividir o caráter de Jó em duas partes: 1) O caráter de Jó em relação a Deus e 2) O caráter de Jó em relação às pessoas. Claro que o segundo é um resultado do primeiro, mas acho importante vermos os dois aspectos, pois um é o aspecto espiritual e o outro é o resultado prático.
O caráter de Jó em relação a Deus
Podemos observar as seguintes características de Jó em relação a Deus:
1) Jó aceitava tanto o bem como o mal que viam da mão do Senhor, mesmo não entendendo o porquê. Ele cria que Deus é Soberano (Jó.1.21 e 2.10).
2) Ele tinha uma fé inabalável, crendo que Deus era perfeito no que fazia, como se vê no cap.1.22: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma”. Além de ter a sua esperança no Senhor, como diz no cap. 19.25-27: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim.”
3) Ele buscava Deus para derramar suas lágrimas, e não seus amigos. Deus era seu consolo: “Os meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus” (Jó.16.20).
4) Embora Jó não entendesse o motivo ou pecado pelo qual ele estava sofrendo, e embora se achasse justo diante de Deus sem existir um motivo para estar padecendo, ele não negava a sua natureza pecaminosa e os “pecados da sua mocidade” (Jó.7.17-21; 19.23-26; 42.1-6).
5) El entendia que a sabedoria e o conhecimento não tinham nada a ver com o ser humano, mas com o temer ao Senhor (Jó.28.28).
6) Ele não blasfemava contra Deus, mesmo quando até a sua esposa o incitasse a isso (Jó 2.9-10).
O caráter de Jó em relação aos homens
Já disse que estas características são o resultado de temer ao Senhor (Jó 28.28). Mas vejamos como se aplicava o temor de Jó a Deus na sua vida prática:
1) Ele intercedia diante de Deus por sua família e pelos “possíveis” pecados que seus filhos poderiam ter cometido (Jó.1.5).
2) Ele estava disposto a morrer se mantendo íntegro, verdadeiro e justo. Nada era suficientemente grande para ele mudar estas coisas (Jó 27.4-6).
3) Ele ensinava a muitos, fortalecia aos fracos, encorajava aos que estavam do seu lado (Jó.4.3).
4) Ele era reconhecido diante dos jovens e idosos como um homem íntegro e exemplar, isto é, ele era um bom testemunho (Jó 29.7-11).
5) Ele livrava e ajudava a pobres e órfãos (Jó 29.12; 31.16).
6) Ele confortava as viúvas e as alegrava (Jó.29.13; 31.16).
7) Ele guiava aos cegos e mancos (Jó 29.15).
8) Era pai dos necessitados (Jó 29.16).
9) Examinava tudo, especialmente as causas dos desconhecidos (Jó.29.16).
10) Aplicava justiça aos malvados (Jó 29.17).
11) Suas palavras eram sábias e todos as respeitavam (Jó.29.21-22).
12) Se alegrava e até ria ou sorria junto com os seus (Jó 29.24).
13) Ele dirigia o caminho dos seus como um chefe de família (Jó 29.25).
Bom, este é um resumo das características de Jó. Minha oração diante do Senhor é para que possamos ter essa integridade que vemos em Jó e que estejamos preparados para sofrer assim como ele teve que sofrer. Que o Senhor Deus tenha misericórdia de nós e que pela graça de Jesus possamos estar em pé firmes nEle com os olhos em Cristo, o autor e consumador da Salvação. Somente nEle podemos viver como Jó, pois o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Jó 28.28).
Soli Deo Gloria
Base Bíblica para a Vida Cristã
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Sabedoria e temor do Senhor (Jó.28.28)
Hoje estive lendo o livro de Jó. Este texto tem sempre me chamado muita atenção e quis compartilhar uma breve meditação ao respeito, fazendo uma análise desta afirmação.
Se observarmos o comportamento da humanidade em nossos tempos, podemos ver que muito se fala a respeito de conhecimento, mas a sabedoria é mais vista como uma coisa dos antigos, de outras épocas, ou no mais de nossos avós e das pessoas idosas. Também vemos pessoas correndo desenfreadamente para coisas tolas. A vaidade, a cobiça, a destruição da família por meio de adultérios e interesses particulares, a auto-destruição dos jovens por meio da fornicação e das drogas, e assim poderíamos ver uma longa lista de coisas que preocupam à sociedade e, com certeza, também à Igreja.
No meio de toda essa loucura, poderíamos nos perguntar: Mas onde se achará sabedoria? E onde está o lugar do entendimento? Onde estão eles? Parece ser que o homem não conhece o valor dela, nem se acha ela na terra dos viventes. É isso o que o próprio Jó afirmou no seu discurso, no capítulo 28, versos 12-13. Os amigos de Jó falavam muito para ele sobre a sabedoria, mas Jó pergunta: onde se achará a sabedoria? Pois se observamos a terra não vemos a humanidade agindo assim. Mas a conclusão de Jó foi a correta: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria e o apartar-se do mal a inteligência” (Jó 28.28). Então, porque os homens não tem sabedoria? A resposta é: porque não tem temor do Senhor. Porque os homens não tem inteligência nas suas ações? A resposta é: porque não se apartam do mal.
Para ter sabedoria, o homem precisa começar a ter um temor santo do Deus criador de todas as coisas. Mas o que significa ter temor de Deus, o que isso envolve? Eis aqui uma breve lista de coisas que, pelo menos eu, no meu entendimento bíblico, considero que fazem parte do temer ao Senhor:
1) Ter consciência da santidade e da grandeza de Deus, lembrando que ele, além de ser amor, é fogo consumidor (He.12.28-29).
2) Ter consciência dos nossos pecados e de que não somos nada diante de Deus (Ro.7.1-25).
3) Ter consciência que um dia deveremos dar conta de tudo o que fizermos diante de Deus, sendo que ele já sabe todas as intenções do nosso coração e que, naquele dia, tudo o que estiver escondido diante dos homens será revelado e seremos julgados (1.Co.4.5).
4) Ter consciência que Cristo foi crucificado uma só vez por nós e que não será exposto à ignominia por aqueles que dizer ser seus servos (He.6.4-11).
Em primeiro lugar não podemos ter temor se não compreendermos de quem nós temos temor. Sempre se tem temor de algo, ou de alguém. Para termos temor de Deus, precisamos saber primeiro quem é Deus. Em segundo lugar, ter temor de alguém envolve também o motivo que me produz esse temor. Esse motivo tem a ver com meus pecados, com minhas ações que estão sendo vistas diante dEle. Isso nos leva ao terceiro ponto, que é saber que minhas ações serão julgadas diante do Deus verdadeiro, diante do Santo dos Santos, diante do justo Juiz. Isso deve nos encher de temor, por causa dos meus pecados e deve nos levar a viver corretamente, conforme a vontade de Deus. Mas, claro que alguém poderia dizer: não preciso ter temor porque Cristo morreu por mim. É verdade, concordo, mas eis aqui que entra o quarto ponto: Cristo não será exposto à ignomínia, quer dizer à vergonha. Nossas obras serão julgadas: se somos filhos de Deus, lavados pelo sangue de Cristo, justificados e redimidos pela graça de Jesus, então fomos criados para toda boa obra. A vida do cristão deve buscar essa sabedoria porque o cristão tem temor de Deus e temor de colocar ao seu Salvador à vergonha e zombaria do mundo. Hoje, em muitos casos, o mundo zomba de Cristo por haverem pessoas que dizem serem cristãos, mas não vivem sabiamente nem tem esse temor santo ao seu Deus!
Então irmãos, tenhamos temor do Senhor, avaliemos as nossas obras e ações para que elas sejam conforme aos padrões que Deus pede de seus filhos. Vivamos com justiça e retidão, sendo um testemunho de Cristo neste mundo. Somente assim é que viveremos sabiamente, porque a verdadeira sabedoria tem a ver com viver na prática do dia a dia de acordo com a vontade do Senhor. Lembrem que isso só vem a partir do temor que temos dEle.
“Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor” Salmo 2.11
Alejandro Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A fonte de agua viva – Uma breve exposição de João 7.37
“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” João 7.37
Nesta passagem temos uma das expressões características do nosso Senhor Jesus. No Evangelho de João, o Senhor Jesus aparece em vários episódios identificando-se com alguns símbolos tais como: o pão da vida (Jo.6.35), a luz do mundo (Jo.8.12), a porta (Jo.10.7), o bom pastor (Jo.10.11), o caminho a verdade e a vida (Jo.14.6), entre outros. Na passagem citada acima, o Senhor Jesus se identifica com a água que acalma toda sede. Com esta expressão o Senhor Jesus também se dirige à mulher samaritana que estava tirando água do poço de Jacó, em João capítulo 4.
Se não conhecermos o contexto no qual o Senhor Jesus falou estas palavras, poderíamos achá-las um tanto estranhas. Imaginem hoje uma festa religiosa, por exemplo, uma festa de natal, e alguém se levanta, no meio da multidão, e pronuncia estas palavras. Não poderia parecer que a pessoa está fora de si falando algo assim nessa festa? Claro que hoje nós cristãos temos uma noção sobre o que o Senhor Jesus quis dizer quando disse que acalma toda sede. Podemos imaginar a falta de paz espiritual das pessoas como se fosse simbolicamente uma sede que só Jesus pode acalmar. E claro que isto é certo. Mas como, naquele contexto, as pessoas poderiam ter entendido isso? Vemos no mesmo capítulo que, quando o Senhor falou isso, muitos vieram a crer nEle como profeta e outros como messias (Jo.7.40-44). Mas o que tinha de especial estas palavras? Como as pessoas poderiam ter entendido a sua mensagem naquela hora? Será que esta expressão do Senhor foi totalmente fora de contexto com a festa que estava ocorrendo? Se assim fosse, ao invés das pessoas crerem nEle poderiam ter achado que estivesse louco. Mas não foi assim, vemos que as pessoas entenderam e alguns creram, enquanto que outros quiseram matá-lo. Para responder estes questionamentos precisamos entender o contexto das Escrituras. Isto é, como era a festa na qual o Senhor Jesus se encontrava quando falou isto.
Todo este episódio desenvolve-se no capítulo 7 de João. Vemos no início do capítulo que a festa que estava por acontecer, a qual Jesus mais tarde foi, era a festa dos Tabernáculos. Esta festa era comemorada pelos judeus por mandado do Senhor Deus através de Moisés. Na mesma se lembrava como os judeus andaram durante 40 anos pelo deserto, morando em tabernáculos, que eram pequenas barracas construídas de um tipo de palha. Todo o povo vinha para Jerusalém comemorar esta data. Na festa, havia vários rituais de comemoração. Dentre eles um que se insere no contexto das palavras de Jesus: o derramamento da água no templo. Este ritual consistia no seguinte: cada dia da festa, os levitas levavam água do tanque de Siloé ao templo, carregando em vasilhas de prata. Era uma grande procissão, com muitos levitas vestidos de branco cantando ao som das músicas e trombetas. Os levitas iam cantando os salmos 113-118, principalmente a frase do salmo 118.25-26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. Depois, quando chegavam ao altar, um coro repetia Isaias 12.3 e depois o sacerdote derramava a água na terra. Ainda, João destaca que era o último dia, o grande dia. Este dia era chamado pelos judeus como “o grande dia da Salvação”.
Então, vemos que o povo estava em uma festa onde se clamava a Deus pela salvação do deles, para que Deus os salvasse assim como tinha feito com seus pais no deserto milhares de anos antes. O eixo central da festa era a salvação de Israel e o texto de Isaias 12.3 que se recitava quando se derramava a água na terra frente ao altar dizia: “Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação”.
Mas onde estava essa fonte da salvação da qual sairia água? Onde o povo beberia água de salvação? O povo cantava isto, e olhava para o ritual dos sacerdotes como um meio para beber dessas águas, mesmo quando saciados. Eles tinham sede de salvação, mas não achavam essa fonte que era recitada durante todos esses sete dias de festa. Eles proclamavam o grande dia da Salvação, mas isto não era realidade na vida deles. Nesse momento, o Senhor Jesus se coloca de pé e proclama: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Era claro, nesse momento, que o Senhor estava falando de salvação, de uma água viva, vivificante e não como aquela que proclamavam os fariseus. Ainda, o Senhor diz: “como dizem as Escrituras”. Aparentemente, Jesus estava se referindo a Isaias 55.1, no qual fala sobre dar de beber ao povo. Nesse texto diz: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”. O Senhor estava anunciando uma salvação gratuita, uma água da salvação que se pode beber sem preço. E ele estava afirmando que essa salvação provém dEle e não do ritual que os levitas estavam realizando. Através dessa salvação o Senhor nos encheria com o seu Espírito Santo (Jo.7.39).
É por isso que muitas pessoas creram nEle naquela hora, pois entenderam que a fonte de salvação era Ele. Eles entenderam que Jesus estava se referindo àquele ritual e ao texto que se recitava e entenderam que esses textos dos profetas se referiam ao messias, que era Ele. Porém, muitos outros se enfureceram e, ao invés de crerem nEle tentaram o matar. Hoje não é diferente. Essa salvação ainda é proclamada hoje por Jesus! Venham a Ele todos os que têm sede, pois ele é água viva para acalmar a nossa sede! Como disseram os apóstolos em Atos 4.12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. Cada um de nós estará em algum dos dois lados, entre aqueles que o aceitaram como fonte de água viva e salvação, ou entre aqueles que o rejeitaram e quiseram se livrar dEle. De qual lado você está?
Toda glória a Ele.
Base Bíblica para a Vida Cristã
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
O processo de restauração no povo de Deus - meditação sobre o livro de Neemias
seguimos com uma série de meditações sobre o livro de Neemias.
Neste novo artigo apresentamos uma breve análise do processo de restauração do povo de Deus. Analisamos como aconteceu a restauração de Israel em tempos de Neemias, como Deus operou o despertamento no povo e como isso pode ser uma lição para nossos dias.
Esperamos que o material seja de proveito para a edificação da Igreja.
Um grande abraço,
em Cristo.
Restauração do povo de Deus (Ne.11-13)
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ensinando as Escrituras ao Povo de Deus – Breve meditação sobre Neemias 8.8-12
Esta vez, ao invés de fazer um estudo em formato de artigo, quis simplesmente compartilhar uma breve reflexão sobre o texto de Neemias citado acima. Acho este texto bastante pertinente para o propósito do nosso blog.
No texto citado, podemos ver os sacerdotes de Israel ensinando ao povo de Israel a Palavra de Deus, a Lei de Deus que tinha sido dado a eles através de Moisés. O povo aprendiz era uma nova geração, pessoas que tinham morado por muitos anos como cativos na Babilônia e outros que tinham ficado em um Israel devastado. Este povo não tinha sido instruído na Palavra, e eis aqui o Senhor realizando um grande avivamento espiritual, levantando um povo sedento pela Palavra. Vejamos uma parte do que descreve que estava acontecendo nesse momento (Neemias 8.8-12):
“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.
Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.
Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.
Os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; e não estejais contristados.
Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas.”
Alguns pontos que quero destacar deste texto:
1) Podemos ver aqui os sacerdotes ensinando a Palavra a um povo sedento por ouvir as instruções de Deus. Eles não fizeram pregações temáticas, não falavam de encorajamento, motivação, etc. Eles ensinavam o que estava escrito na Lei. Isto é, eles traziam esclarecimento sobre o que diz na Palavra, para que o povo aprendesse e o aplicasse nas suas vidas. Em síntese, vemos que eles faziam o que hoje nós denominamos “um estudo expositivo” das Escrituras, com um alvo claro: o entendimento das Escrituras, tal como também fizeram Lutero, Calvino e outros homens na época da reforma protestante.
2) O povo chorava escutando a Lei. Por quê? Porque a Lei falava do que aconteceria àqueles que fossem desobedientes a Deus e não cumprissem o que nela estava escrito. O povo estava escutando os mandamentos e sendo confrontado com seus pecados, tanto assim que vemos mais adiante, neste livro de Neemias, como o povo começa uma reforma e uma purificação das suas vidas.
3) O arrependimento do povo era visível, eles estavam chorando por seus pecados e queriam fazer a vontade do Senhor. E o que fizeram os sacerdotes? Carregaram eles com mais peso como os fariseus o faziam no tempo de Jesus? Fizeram que pagassem seus pecados com penitências? Não! Os sacerdotes confortaram o coração do povo fazendo-lhes ver que era o dia em que o Senhor tinha feito um avivamento espiritual para reconstruir Israel. Portanto, esse dia era um dia consagrado a Ele, no qual a alegria de Israel estava sendo restituída. Isto não significa que o povo fosse consolado e desencorajado a cumprir a Lei. Pelo contrário, o povo teve que purificar-se, corrigir seus erros e pecados e voltar a uma vida consagrada ao Senhor. Mas isto foi feito com alegria.
4) Finalmente, quero destacar a alegria do povo por terem entendido a Palavra do Senhor. Esta mesma alegria pôde-se observar em todas as épocas de avivamento espiritual na Igreja. Os apóstolos, os reformadores, os evangelistas, sempre buscaram trazer clareza sobre o que ensina a Palavra e aqueles que a ouviram, creram e a entenderam, tiveram grande gozo e alegria no coração!
Isto nos deixa um ensinamento para nossos dias. O Senhor é quem levanta um povo sedento pela sua Palavra, disposto a ficar um dia inteiro de pé escutando as instruções do Senhor. O Senhor também é quem levanta homens de fé, fieis a Ele, dispostos a ensinar as Escrituras ao povo. E eis aqui o dever desses homens: ensinar e trazer esclarecimento das escrituras àqueles que têm sede por ela e não a compreendem. Somente pela Palavra eles serão vivificados e é por isso que o trabalho da Igreja precisa estar direcionado a dar às pessoas uma base bíblica para suas vidas. Por este motivo, também nós temos buscado, através deste blog, publicar artigos que apresentem estudos da Bíblia, que expliquem o significado da mesma e que apresentem aplicações práticas nas vidas dos crentes.
Meu desejo é que possamos escutar e aprender a Palavra do Senhor e sentir aquilo que o povo sentiu quando diz: “Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas” (Neemias 8.12).
Grande abraço, no amor de Cristo.
Alejandro G. Frank
Base Bíblica para a Vida Cristã
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Estudo sobre a doutrina da justificação (exposição sobre Romanos 3.21-28)
a seguir apresentamos um novo estudo, no qual realizamos uma exposição de Romanos 3.21-28 explicando o ensinamento sobre a doutrina da justificação. Esperamos que seja proveitoso para o crescimento espiritual de nossos leitores.
Um grande e querido abraço,
em Cristo
Base Bíblica
Estudo sobre a doutrina da justificaçao (Romanos 3.21-28)
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Características dos falsos mestres segundo a carta de Judas
A seguir apresentamos uma breve revisão das características dos falsos mestres, conforme é descrito por Judas:
1) Se introduziram com dissimulação na igreja (v.4)
2) Transformam a graça do Senhor em libertinagem, não em liberdade (v.4)
3) Negam o senhorio e soberania de Cristo (v.4)
4) São insubmissos (v.8)
5) São difamadores (v.8,10)
6) Seguem seus próprios sonhos e alucinações (v.8)
7) Contaminam a carne com suas paixões (v.8)
8) Seguem a ganância (v.11)
9) São rebeldes, revoltados (v.11)
10) Se submergem nas confraternizações dos crentes dissimuladamente (v.12)
11) São levados de um lado para outro facilmente, sem convicções e sem uma postura definida (v.12)
12) Não possuem frutos do Espírito nas suas vidas (v.12)
13) Não possuem raízes, quer dizer, não estão arraigados na verdade (v.12)
14) São bravos (v.13)
14) São murmuradores e descontentes quando suas paixões não são alimentadas (v.16)
15) São bajuladores e arrogantes (v.16)
16) São escarnecedores e andam segundo suas paixões (v.19)
17) Provocam divisões (v.19)
18) Não têm o Espírito Santo (v.19), portanto, mesmo chamando-se de crentes, não o são realmente.
Devemos considerar seriamente o que as Escrituras mandam sobre disciplina na Igreja contra este tipo de pessoas, como disse o apóstolo João (2.Jo.10-11):
“Se alguém ver ter convosco e não traz esta doutrina [refere-se à doutrina apostólica, bíblica], não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más”.
Assim devemos repreender este tipo de pessoas com más intenções.
Concluindo, gostaríamos de ainda ressaltar a conclusão de Judas (v.24-25):
“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!”
O Senhor é poderoso de nos guardar desse tipo de pessoas e nos preservar para sermos apresentados fiéis diante dEle.
Soli Deo Gloria!
Base Bíblica para a Vida Cristã
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Considerações sobre a glorificação dos filhos de Deus - Estudo sobre 2.Corintos 4.8-18
estamos disponibilizando um novo estudo baseado no texto de 2 Coríntios, cap.4.16-18:
"Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas".
Neste estudo analisamos o que significa esse peso de glória que os cristãos receberemos no dia final, quando o Senhor voltar para buscar a sua Igreja. Este estudo foi originalmente desenvolvido no grupo de jovens da Igreja Batista Central de Porto Alegre e agora estamos disponiblizando-o na web.
Esperamos que sirva para edificação da Igreja, para glória do Senhor!
Um grande e querido abraço,
em Cristo.
BBVC
A Glorificação dos filhos de Deus - Estudo sobre 2.Co.4.16-18
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Encontro da Fé Reformada em Porto Alegre
repassamos o seguinte email de divulgação do encontro da fé Reformada em Porto Alegre, que se realizará no mês de setembro.
Grande abraço,
Em Cristo,
BBVC
Caros amigos e irmãos em Cristo,
É com alegria que anuncio a abertura das inscrições para o 1o Encontro da Fé Reformada de Porto Alegre/RS (EFR/POA). E é com expectativa que o convido a participar deste Encontro na esperança que o Senhor Deus fale ao seu coração e direcione os rumos de seu ministério e liderança na igreja.
Teremos o privilégio da presença de três expositores e conferencistas bíblicos de reconhecida autoridade: Augustus Nicodemus (pastor, autor de diversos comentários bíblicos, conferencista, professor de NT do Programa de Pós-Graduação em Teologia Andrew Jumper/SP e atualmente chanceler da Universidade Mackenzie), Solano Portela (presbítero, autor de diversos livros publicados, conferencista, tradutor e colaborador do Programa de Pós-Graduação em Teologia Andrew Jumper/SP) e Jaime Marcelino (pastor da IPCN/Manaus, conferencista, expositor bíblico, Coordenador Nacional do Encontro da Fé Reformada).
Sendo esta uma oportunidade única para os pastores e líderes da região sul do Brasil, convido-o a divulgar este evento em sua igreja e a participar do mesmo. O tema é um dos mais caros e necessários nesses tempos de teologia fraca e espiritualidade sofrível: A importância da Pregação Hoje!
Durante o encontro teremos à disposição uma livraria exclusiva para os participantes com títulos excelentes de várias editoras evangélicas a preços muito reduzidos, para que os irmãos possam complementar sua biblioteca.
A inscrição é simbólica (R$ 20,0) é mesmo este valor será extornado na forma de vale para ser usado na compras de livros na livraria do Encontro. O que desejamos é sua presença e vontade de aprender mais acerca da Palavra de Deus.
O local da conferência será as instalações da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Alegre, que gentilmente nos cedeu o espaço, localizada na Rua Leopoldo Bier, 20 - Azenha. O número de vagas é limitado (somente 200) e já temos recebido várias inscrições.
A EFR acontecerá nos dias 24 (sexta à noite) e 25 de setembro (sábado/ manhã e noite). Confirme em sua agenda.
O site para acesso às informações e inscrições é: http://www.fereformada.com.br/?page_id=179
Qualquer dúvida, esclarecimento, sugestões, entre em contato conosco:
(0 51) 9899-9595, 9899-9494, 3407-8584 - Prof. Kelson Mota
(0 51) 3386-6175, 8546-7606 - Pr. Sérgio Lima
Se o Senhor permitir nos veremos no EFR/POA
Kelson Mota T Oliveira e Pr. Sergio P. Lima
(Coordenação Local)
ps: caso venhas de fora do Estado e não tenhas acomodação, entre em contato e veremos se é possível a mesma na casa de cristãos em POA
http://quakel.multiply.com